Ok, a Gucci pode ter levado a medalha de melhor desfile dessa temporada na Milão Fashion Week, mas a coleção que leva o ouro (para mim) é da Dolce & Gabbana. Eles usaram um conceito que sempre foi o meu sonho e que tem tudo a ver com a temática do meu blog: FASHION SINNER!

Eu adoro um bom sacrilégio com o catolicismo, até mesmo por ter estudado em colégio de freira e ter sido criada em uma cidade provinciana e beata, então já paguei os meus pecados por ser uma pessoa rebelde fora do padrão ideal pudico. Mas a alusão usada pelo Domenico e Stefano para esse desfile tem mais a ver com a adoração à moda, como se fosse uma religião.

Muitos fashionistas veneram qualquer coisa que apareça nas passarelas das grandes grifes – vide o que já falei sobre a Balenciaga por aqui – , desde que tenha uma etiqueta para exibir. Com a volta dos logos gigantes aparecendo nas mais variadas peças de roupas, fica clara a sátira sobre isso. Além de rotularem os “fashion sinners” (pecadores da moda) – aqueles que tentam pensar por si próprios e não gostam de seguir tendências -, e das “beatas da moda” – aquelas que usam a moda como regra e transformam-na em ‘régua da verdade’ para medir os outros por aí – ainda deram risada daqueles que se vestem da cabeça aos pés exatamente com o que uma passarela dita – looks completos e caricatos de oncinha e zebrinha, óculos de logo, palavras de impacto exibindo a real intenção por trás de peças como óculos e bolsas.

Ao mesmo tempo que percebe-se o apelo para a Geração Z e Influencers, ainda tiram um pouco de sarro deles, colocando coroas (típicas da grife) e as vestindo de santas, como se fossem as “rainhas” ou deusas” da moda, divindades adoradas por milhares de seguidores.

No meio de corsets e crucifixos, amei a forma que a Dolce & Gabbana conseguiu realizar majestosamente uma crítica social tão polêmica quanto essa.