“Bela, recatada e do lar.” – Revista Veja, abril de 2016
Sim, você leu certo, essa manchete foi escrita esse ano e não em 1964 ou 1550. Um pensamento tão retrógrado e misógino ainda faz parte da realidade de muitas pessoas conservadoras que acreditam que o lugar da mulher é à sombra de um homem. O padrão incutido é o de abrir mão do poder pessoal, de suas próprias escolhas, de sua carreira e de sua personalidade. Para ser digna é necessário usar vestidos até os joelhos e de cores claras, saber se portar como uma dama, cuidando do lar e dos filhos, hora ou outra enfeitando os braços do marido como um troféu.
Esse tipo de abordagem pérfida é um desserviço para às brasileiras pelo simples motivo de fortalecer ainda mais o pensamento machista de muitos homens. Já é difícil para as mulheres saírem na rua sem receber cantadas, dentre outras atitudes violentas imbuídas no cotidiano, e isso complica ainda mais nossa trajetória para alcançarmos o respeito que merecemos.
Não precisamos desse estereótipo de dona de casa dos anos 50 para criar ainda mais amarras e limitações na nossa vida. Mulher não é um objeto! Perpetuar esse tipo de padrão é doentio e provoca ainda mais perseguições e policiamento infundados para o nosso dia-a-dia. Somos livres e gostaríamos que esse direito fosse respeitado e assegurado, não importa qual a roupa, beleza ou atitude possuímos.
Não devemos nunca nos compararmos umas com as outras, pois somos únicas e especiais, cada qual de sua maneira. Não temos que tentar ser a Grace Kelly que, apesar de extraordinária (uma das minhas atrizes favoritas, inclusive), foi única, assim como eu e você também somos. Do mesmo modo não devemos criticar a Marcela Temer, pois com certeza ela também é extraordinária na maneira dela. Até mesmo a jornalista que escreveu aquela matéria, apesar dessa triste veiculação. No final, somos todas vítimas de uma sociedade patriarcal repressiva e estamos buscando a felicidade através do que acreditamos e da maneira que conseguimos.
De maneira alguma quero julgar as mulheres que optam por levar a vida de maneira tradicional, sou apenas contra o conceito de que só elas são dignas de valor. Aliás, minha opinião sobre “se valorizar” é bem diferente do que a insuflada pela sociedade. Acredito que devemos trabalhar nossa autoestima independente da opinião alheia, nos amarmos é nos valorizarmos.
Somos livres para escolhermos ser donas de casa, irmos ao bar com os amigos, focarmos na carreira, nossas roupas e o seu comprimento, se queremos ter filhos ou não, nos casarmos, viajarmos sozinhas, nossas atitudes, o que vamos comer, com quem e quando vamos transar, se vamos ou não para a academia e tudo mais que quisermos. Ninguém tem poder sobre o nosso livre-arbítrio. Os opressores podem chorar, pois 1750 não voltará jamais e a mulher tomou as rédeas da própria vida. Adeus submissão.
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