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Exposição mostra roupas que vítimas de estupro usavam

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TRIGGER WARNING: O TEXTO FALA SOBRE ABUSO SEXUAL E ESTUPRO

“A culpa é minha?”

Em referência à pergunta que muitas vítimas de estupro se fazem depois de um ataque, uma exposição na Bélgica e EUA tem como objetivo derrubar o mito de que roupas provocativas são um dos motivos que leva a crimes de violência sexual. A mostra traz trajes que mulheres e meninas estavam usando no dia em que foram estupradas e ao lado de cada look há um breve relato das vítimas.

“O que você percebe imediatamente quando vem aqui: todas as peças são completamente normais, roupas que qualquer um usaria. Tem até uma camiseta de uma criança com uma imagem do filme ‘My Little Pony’ que mostra essa dura realidade ” – diz Liesbeth Kennes, que faz parte do grupo de apoio a vítimas de estupro CAW East Brabant, organizador da exposição.

CULPA DA VÍTIMA

Kennes ressalta que “a culpabilização da vítima” ainda é um problema sério em casos de violência sexual. Ela cita que muitas mulheres se questionam se podem ter sido, de alguma forma, responsáveis pela agressão que sofreram por conta de alguma atitude ou de algo que estavam vestindo.

Em 2015, ela mencionou em uma entrevista a um veículo belga que apenas 10% dos estupros no país eram denunciados para a polícia e que, desses todos, somente um em cada dez resultava em condenação.

“Por trás desses números há pessoas de carne e osso. Mulheres, homens, crianças. Nossa sociedade não incentiva as vítimas a denunciarem ou a falarem abertamente sobre o que passaram.”

No Brasil, estima-se que aconteça um estupro a cada 11 minutos – a subnotificação dos casos também é grande e somente 10% deles são levados à polícia, segundo o Ipea. São 50 mil casos registrados por ano, mas a estimativa é que existam pelo menos 450 mil.

42% dos homens disseram que
mulheres que se dão ao respeito não são estupradas“,
enquanto 32% das mulheres acreditam nessa mesma premissa.
Segundo pesquisa do Datafolha em 2016.

Enquanto vítimas são acusadas de se vestirem de maneira provocativa ou de andarem sozinhas na rua à noite, Kennes reforça:

“Só há uma pessoa responsável,
uma pessoa que pode prevenir o estupro:
o próprio estuprador“.

 


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