A cultura ballroom é um movimento que nasceu nas comunidades LGBTQ+ afro-americanas em Nova York, nos anos 70 e 80. É um espaço de celebração da diversidade, autenticidade e autoexpressão, um lugar seguro onde as pessoas podem ser autênticas
As drag queens afro-americanas e latinas eram excluídas na cena LGBTQ+ devido à cor e raça, então se uniram para criar um reduto e receber todos os exilados de uma comunidade que por si só já era marginalizada. Sendo assim, o ballroom é um lugar de apoio e família para aqueles que eram excluídos em outros lugares, como os gays, drags e trans. As casas (houses), que são como grupos de apoio, oferecem orientação, mentoreamento e um senso de pertencimento.
No coração da cultura ballroom estão as “batalhas“, eventos onde casas competem em categorias como voguing, runway e drag. Essas batalhas não são apenas competições, mas também expressões artísticas e performances que desafiam normas de gênero e padrões estéticos convencionais.
Mas a cultura ballroom vai além das batalhas e das casas. Influenciou a moda, a música e até mesmo a linguagem que usamos hoje. Com suas raízes profundas na comunidade LGBTQ+ e afro-americana, continua a ser uma voz poderosa na luta pela igualdade e pela aceitação.
Em resumo, a cultura ballroom é uma expressão poderosa da diversidade, criatividade e resistência. É uma lembrança de que todos merecem ser vistos, ouvidos e celebrados por sua autenticidade.
E o que a Beyoncé tem a ver com isso? TUDO!
Ela traz o olhar de volta para uma das mais importantes e influentes cenas que moldaram o cenário do que consideramos cultura pop atualmente, dando o reconhecimento para uma das mais lindas e artísticas formas de expressão através do seu álbum e turnê Renaissance. Também devolve o estilo para os devidos donos, enaltecendo e mostrando para o mundo como sua cultura afro-americana foi usurpada, mostrando que a disco music surgiu a partir da experimentação com a black music.
A conexão entre Beyoncé, a Renascença e a cultura ballroom pode ser encontrada na maneira como ela mescla elementos históricos, culturais e contemporâneos para criar uma narrativa rica e multifacetada.
A Renascença, conhecida por seu florescimento artístico, cultural e intelectual na Europa entre os séculos XIV e XVII, representa um período de renovação e transformação. Então Beyoncé nos dá é um verdadeiro Renascimento, trazendo luz e cultura depois de alguns anos de trevas que a humanidade passou com a sensação de estarmos regredindo e vivendo na Idade Média com todos os retrocessos políticos que ocorreram no mundo durante a Era Trump.
Com uma pegada futurista, glamourosa e com fortíssima influência na ball culture, ela esbanja looks assinados pelos maiores estilistas e casas de moda do planeta, todos milimetricamente calculados pela stylist Shiona Turini e mais uma equipe de mais 4 ajudantes. São 40 looks por show, inovando ao menos 5 looks em cada espetáculo, totalizando cerca de 600 looks e mais de 150 que nunca foram usados. Foi um verdadeiro desfile de moda, um impacto revolucionário que influenciou diversas tendências apresentadas pelos estilistas nas passarelas das últimas coleções e até mesmo no gosto popular, principalmente com o retorno da cor prata.
Tudo isso foi usado como inspiração na criação do meu look para o Carnaval, que eu dividir em dois atos, com salto para o Baile da Vogue e sem salto para bloquinho de rua, ambos usando sapatos da loja Got Sin?. Você pode conferir meu look clicando aqui.